23/11/2013

beleza da dor

Dou por mim com vontade de escrever, e apercebo-me do quão triste é esta amostra de talento que penso possuir. É triste só saber escrever quando estou triste. É triste só saber dizer o quanto sofro e o quanto dói, sem nunca antes ter falado do quão feliz fui. Mas sou assim, e já tendo passado por isto uma vez, sei que o que me faz bem é sentar-me em frente ao computador e deixar sair todo o veneno que me enche o coração. 
O sofrimento de estar sozinha outra vez, é aliviado nestes pequenos instantes em que deixo as palavras fluir de mim. No entanto, quando não tenho este escape é tudo muito diferente. As palavras voam na minha cabeça, em vez de no papel, e corroem-me o coração com dor e saudade. Saudade de ser amada, de acordar todos os dias com um sorriso por saber que (finalmente!) era feliz outra vez. Dor de ter sido deixada, das promessas quebradas que ecoam dentro de mim como ondas a rasgar uma rocha. E pena, de mim própria, por me sujeitar a tanta infelicidade e tanto sofrimento. Por me agarrar demasiado a quem sei que nunca vai dar por mim metade do que eu já dei um dia, e por me deixar levar por sonhos e esperanças num futuro melhor. 
Aqui está a beleza do meu coração-partido, palavras bonitas que pintam o vazio que me preenche. Mais uma vez. 

1 comentário:

  1. Não é triste escrever apenas quando há tristeza, pois quando estamos felizes as poucas horas do dia serão sempre utilizadas como veículo para vivências.
    O poder da Escrita é incomensurável e a sua capacidade purgatória é indesmentível. Usa e abusa deste espaço, em prol de ti própria.
    E terás sempre alguém atento às tuas insónias, tentando embalar-te de encontro a um sono relaxante e a um despertar luzidio... mesmo que esse alguém não passe de um anónimo como eu.

    Sê forte. É um prazer ter tido o privilégio de encontrar este teu recanto tão genuíno.

    Beijo

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